navalha

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sobre Pessoas boas e ruins

Atualmente estou viajando por um mês por NYC. Vi muitas Nova Yorks, e gostaria de compartilhar o que aprendi.

Cheguei na cidade esperando ser mal tratado e ignorado, mas para minha surpresa, as pessoas foram muito gentis e faziam esforço para me ajudar. Fiquei muito feliz em ver que a cidade mais global ainda possuia maneiras, sensibilidades e gentilezas.

Assim que estava me acostumando com a bondade das pessoas, comecei a ser atendido como um novaiorquino e fui tratado com impacência, nervosismo e ignorado em vários lugares. Tal fato me incomodou muito, e aprendi a ser firme (sem ser grosso) com tais pessoas, que reconheciam e resolviam as coisas para mim. Os novaiorquinos valorizam muito o tempo e a agilidade, para eles o ato de checar duas vezes e perguntar para confirmar é tido como grosseria e desconfiança.

Demorou um pouco para que eu aprendesse a reconhecer e me situar em cada um dos dois tipos de ambiente.

Mas acho que agora eu finalmente entendi. As pessoas se adaptam ao ambiente, quanto mais estressante, mais elas aprendem a não se envolverem e a serem práticas e rápidas. O trabalho é como tirar um adesivo, quanto mais rapido, mais indolor ( sendo prático é possível até arrancar alguns sorrisos).

E de alguma forma isso faz muito sentido. As pessoas se adaptam ao seu ambiente, e nós que não fazemos parte dele, devemos nos adaptar a esse lugar que passamos. Muitas vezes essa espectativa, de que tudo será como nós esperamos ou estamos acostumados que seja, é um grande causador de discordia.

A partir de agora, antes de "entrar" em um ambiente, farei questão de mapear, conhecer e reconhecer os pontos chaves daquele ambiente, acho que fará muito bem.

O que você acha sobre isso? Deixe seu comentário e vamos debater o assunto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Memórias

Em um documentário, foucoult fala quie no início é o branco da tela, como uma tela de pintura, como o nada a ser preenchido.

Não concordo,
acredito que no início é o preto, da lente com tampa, de um cinema escuro, dos olhos fechados, de uma noite que vira mais um dia. A vida é feita de filmes, e todos os dias podemos construir novas narrativas, temos novas chances de fazermos a diferença.

Me perdoe a audácia, mas acredito na utopia, acredito que precisa piorar para podermos ver o quão bom pode ser. Não acredito no conformismo da nossa polítia, não aceito sua meia proposta (acho que foi clarisse quem disse que ou seja tudo ou não seja).

Hoje descobri que sofro de uma doença auto-imune que vai acabar por roubar-me a visão. Pensei muito nos lugares que sempre desejei ver mas nunca me dispus a ir, pensei, pensei nas pessoas que nunca verei, e nas que nunca mais poderei ver. A família que sempre esteve lá vai sumir, os amigos de tantas memórias, serão penas vozes no escuro. Pensei em um corpo vestido de sorriso, em um cabelo suado, misturado no beijo molhado, nunca mais verei.

todas as fotos que tirei, os filmes que nunca assisti, se vão neste buraco negro, em um foco que se defaz como um castelo de areia levado pelo vento. A memória será minha companheira de dança, entre solavancos desajeitados, tentando me lembrar aonde foi que vi aquele girassol pintado.

a vida também não termina com 3 letras e uma tela escura, ela termina com uma imagem, que vai perdendo a clareza, que se fragmenta em formas e cores flutuando no espaço, se desfazendo até se transformarem em orbes elementais, que levam o olhar ao vazio.

Aproveitem, little ones, porque cada dia tem 24 quadros e muitas chances de mudar sua vida, e sua vida mudará com certeza. Espero que caso perca a visão, não deixe de ser observador, que caso perca a audição, não deixe de ouvir os outros, caso perca o paladar, mantenha o gosto pela vida, e caso perca o tato, seja sensível. Mas além de tudo isso, caso possa ver, ouvir, degustar, sentir, que aproveite destes sentidos ao máximo, porque um dia eles vão acabar, como tudo no mundo, e sobrarão apenas as memòrias.

Tenha um bom dia